sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Bandido bom é bandido morto




Esta semana a Rota  (quer saber mais sobre ela? Leia a excelente entrevista do reporte André Caramante) matou nove suspeitos em suposto confronto com criminosos.  Estes fariam parte daquela "facção criminosa que age dentro e fora dos presídios de São Paulo e que não se ousa - mais - dizer o nome", e iriam fazer um "tribunal" para julgar um acusado de estupro.

Imediatamente, sem investigação ou sindicância interna,  o governador Gelado Alckmin saiu em defesa da Rota. "Quem não reagiu está vivo", afirmou .
Alckmin tem tanta confiança na sua polícia que sabe de antemão que toda e qualquer ação dela é legítima. Não interessa o que a perícia possa dizer, não interessa que o rapaz que ia ser julgado por estupro, aquele quem a polícia iria proteger, tenha morrido na ação policial. Aliás, para que investigação?
Afinal, bandido bom é bandido morto, certo?

Esta é a maior cantilena ouvida nos dias de hoje. Nos noticiários, nos programas de TV aberta ou mesmo a cabo, chove senso comum e repetição ad nauseum da defesa das execuções sumárias, do direito divino da polícia, a sucessora dos reis absolutistas.

As mortes cometidas pela Rota tiveram um aumento de 45% este ano.
Para que investigação?

Mas o que é o "bandido" estão falando nos noticiários? Que palavra é esta que dá salvo-conduto para abusos de poder, para execuções policiais?
A definição do Houaiss é "indivíduo que pratica atividades criminosas; assaltante, bandoleiro". Então, bandido é aquele que pratica crime, e para que algo seja definido como crime, há uma lei que tem que tipificar esta conduta como criminosa e estipular uma sanção, uma punição ao ato tipificado como tal.

Em síntese: criminoso, bandido, é aquele que age à margem da lei.
Quando uma pessoa age desta maneira, ilegalmente, fora da lei (claro, teria que haver investigação para que provasse a ilegalidade de uma ação, mas para que investigação, né Alckmin?) esta pessoa é uma criminosa, bandida e deve ser pela lei punida.

A punição extra-legal, por definição, também está fora da lei, também é criminosa, e seu agente é um bandido.

Bandido bom é bandido morto?

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