Bradesco oferece produto inédito por R$ 3,50 mensais
Naiana Oscar, do Estadão
O repositor de mercado Josemilton da Costa Barros mal consegue falar do novo "investimento". A cada frase e meia inclui um "Deus me livre que isso aconteça", mas está certo de que fez um bom negócio. Ele contratou há duas semanas um seguro por morte acidental que cobre até ocorrências com bala perdida.
Josemilton mora na favela da Rocinha, no Rio, uma das duas localidades escolhidas pela Bradesco Seguro e Previdência para lançar um produto inédito voltado para as classes C, D e E. Em São Paulo, o seguro está sendo oferecido aos moradores da favela de Heliópolis, na zona sul da capital.
Com um salário de R$ 800, Josemilton paga R$ 3,50 por mês pelo seguro de vida. A indenização é de R$ 20 mil. "Isso me agradou porque moro num bairro em que acontece muita coisa ruim; tiroteio é só uma delas", diz o repositor, de 26 anos, que vive com a mulher na Rocinha desde que chegou da Paraíba, em 2004.
Ele foi apresentado ao seguro numa agência do Bradesco que fica dentro da favela. O novo produto é um projeto-piloto da seguradora para entrar no mercado de microsseguros, que deve ser regulamentado ainda este ano no Brasil. Mais do que um "seguro popular", que pode ser oferecido a clientes de qualquer classe social, o microsseguro é um produto direcionado exclusivamente à baixa renda, como uma forma de inclusão e até de assistência social. Por isso, vem sendo estudado pelo governo federal, em parceria com a iniciativa privada, desde 2008. "A legislação vai revolucionar o seguro para baixa renda e nós queremos sair na frente", diz Eduardo Velasques, diretor executivo da seguradora.
Alguns detalhes ainda precisam ser definidos, como forma de pagamento e abordagem aos clientes. A superintendência de Seguros Privados (Susep), ligada ao Ministério da Fazenda, será responsável por estabelecer os critérios de operação e venda dos microsseguros. Inicialmente, a superintendência havia definido um público-alvo: com renda per capita de no máximo três salários mínimos. Mas a questão continua em aberto. Quando aprovada, a lei deve abranger cerca de 100 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso a essa proteção.
Nessa primeira etapa, o seguro da Bradesco é voltado para pessoas que tenham entre 20 e 50 anos de idade e sejam clientes das agências do banco localizadas nas duas favelas. "É uma fase de aprendizagem. Precisamos descobrir a melhor forma de levar o produto à população, a melhor linguagem, e como fazer para que o cliente não desista dele", diz Velasques. "Vamos estudar o pagamento por meio de boleto bancário e até por celular pré-pago."
Em um mês, a empresa conseguiu vender cerca de 500 seguros de vida no Rio de Janeiro e em São Paulo. O farmacêutico Paulo Sérgio Silva, de 46 anos, é um dos novos clientes. Ele mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, mas passa a maior parte do dia em Heliópolis, onde tem uma farmácia. Quando chegou à favela em 2005, "tinha uma visão pavorosa do lugar", vivia assustado com medo de assalto e bala perdida. Agora, diz se sentir seguro no bairro. "Mas sei que estamos sujeitos à violência em qualquer lugar."
Naiana Oscar, do Estadão
O repositor de mercado Josemilton da Costa Barros mal consegue falar do novo "investimento". A cada frase e meia inclui um "Deus me livre que isso aconteça", mas está certo de que fez um bom negócio. Ele contratou há duas semanas um seguro por morte acidental que cobre até ocorrências com bala perdida.
Josemilton mora na favela da Rocinha, no Rio, uma das duas localidades escolhidas pela Bradesco Seguro e Previdência para lançar um produto inédito voltado para as classes C, D e E. Em São Paulo, o seguro está sendo oferecido aos moradores da favela de Heliópolis, na zona sul da capital.
Com um salário de R$ 800, Josemilton paga R$ 3,50 por mês pelo seguro de vida. A indenização é de R$ 20 mil. "Isso me agradou porque moro num bairro em que acontece muita coisa ruim; tiroteio é só uma delas", diz o repositor, de 26 anos, que vive com a mulher na Rocinha desde que chegou da Paraíba, em 2004.
Ele foi apresentado ao seguro numa agência do Bradesco que fica dentro da favela. O novo produto é um projeto-piloto da seguradora para entrar no mercado de microsseguros, que deve ser regulamentado ainda este ano no Brasil. Mais do que um "seguro popular", que pode ser oferecido a clientes de qualquer classe social, o microsseguro é um produto direcionado exclusivamente à baixa renda, como uma forma de inclusão e até de assistência social. Por isso, vem sendo estudado pelo governo federal, em parceria com a iniciativa privada, desde 2008. "A legislação vai revolucionar o seguro para baixa renda e nós queremos sair na frente", diz Eduardo Velasques, diretor executivo da seguradora.
Alguns detalhes ainda precisam ser definidos, como forma de pagamento e abordagem aos clientes. A superintendência de Seguros Privados (Susep), ligada ao Ministério da Fazenda, será responsável por estabelecer os critérios de operação e venda dos microsseguros. Inicialmente, a superintendência havia definido um público-alvo: com renda per capita de no máximo três salários mínimos. Mas a questão continua em aberto. Quando aprovada, a lei deve abranger cerca de 100 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso a essa proteção.
Nessa primeira etapa, o seguro da Bradesco é voltado para pessoas que tenham entre 20 e 50 anos de idade e sejam clientes das agências do banco localizadas nas duas favelas. "É uma fase de aprendizagem. Precisamos descobrir a melhor forma de levar o produto à população, a melhor linguagem, e como fazer para que o cliente não desista dele", diz Velasques. "Vamos estudar o pagamento por meio de boleto bancário e até por celular pré-pago."
Em um mês, a empresa conseguiu vender cerca de 500 seguros de vida no Rio de Janeiro e em São Paulo. O farmacêutico Paulo Sérgio Silva, de 46 anos, é um dos novos clientes. Ele mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, mas passa a maior parte do dia em Heliópolis, onde tem uma farmácia. Quando chegou à favela em 2005, "tinha uma visão pavorosa do lugar", vivia assustado com medo de assalto e bala perdida. Agora, diz se sentir seguro no bairro. "Mas sei que estamos sujeitos à violência em qualquer lugar."
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