terça-feira, 9 de outubro de 2007

Vamos tirar o sofá da sala?

Chego ao trabalho hoje pela manhã e abro minha caixa de e-mails. Foi um "bom dia" dado de forma truculenta, de esperar, claro, diante da desordem dos dias atuais.
Uma amiga me manda um vídeo (abaixo) com o seguinte texto:
"Na próxima rebelião carcerária, quando a imprensa e as ONG's de defesa dos direitos humanos fizerem o maior estardalhaço por causa da "atrocidade e a truculência" dos métodos de ação da Polícia e se você sentir pena dos "coitadinhos" dos presos que estão lá dentro queimando e depredando tudo, inclusive decapitando os próprios colegas...lembre-se das imagens desse vídeo. Poderia ser sua mãe, sua avó, sua tia idosa....Quem os proteje é filha da puta igual . E ainda há quem tenha critique um delegado mineiro que disse certa vez: "Bandido bom é bandido morto". PS: OU LEVE UM DESSES PRA TUA CASA alo alo imprensa ... saiam do puleiro e façam alguma coisa ..."
Confesso que tive que sperar uma hora oportuna para responder, por que me demandaria digestão e tempo de resposta. Pensei em tudo o que li, que estudei, que vi... Como bagagem de vida mesmo e não como vida acadêmica. Pnsei em "onde chegamos?" em "de quem é a culpa?" e "onde vamos chegar?"... Pensei... regurgitei... e resolvi, por fim, responder. Claro que eu poderia simplesmente 'encaminhar' o e-mail pra lixeira e tirar o espinho do dedo.
Aí eu penso de novo "vou ajudar a carregar o sofá pra fora da sala, de novo?". Eu mesmo me respondi "não. vou responder sim!". Isso, mesmo sabendo que minha posição não é das mais aceitáveis... E daí? Sou "indivídua" e como tal, única. Se for pra ser diferente, o faça com base...
E foi um derrame....
"Compreendo perfeitamente a fúria, tanto a sua que escreve o e-mail quanto a do assaltante, quanto a da família da idosa.

Não podemos nos esquecer de que as nossas políticas públicas são políticas de "tirar o sofá da sala" e que este sujeito é fruto do meio onde vive, onde esteve incubado por anos a fio...

É sabido e comprovado por inúmeras pesquisas sociológicas que a polícia é repressora e está a serviço das elites, com o intuito de manter a ordem e não de corrigir o problema.

Sabiam que em países como Suécia e Austrália a polícia ostensiva, dessas que a gente vê no centro da cidade andando de golzinho, não usam armas? Sabe por que? Porque lá eles são versados em educação e não em repressão.

Esse assaltante não nasceu grande, nem tampouco dormiu trabalhador assalariado e acordou marginal. Se, e todavia se, ao cometer o primeiro delito lá com seus 6, 7 anos (lembrem-se de Falcão - os meninos do tráfico), ao invés de ter sido apreendido e mandado pra FEBEM, ele tivesse sido reeducado, apresentando a princípios básicos que nós tivemos acesso, como carinho, amor, religião (não como dogma, mas como principio), certamente sua sorte teria sido outra.

Mas não. Na infância, sua mãe, se não estivesse se prostituindo, ficaria fora o dia todo trabalhando, como doméstica, com um salário irrisório... E o menino? Nas ruas... nos guetos... tendo contato com o que tiver de pior... E a fome? E as privações? Ele pode ter visto no tráfico (ganhando salários de 500 reais por semana - o que sua mãe ganha num mês!!!) a solução para seus problemas...

Sei que se fosse minha mãe, avó, irmã, amiga... Eu me sentiria muitíssimo mal. Mas não podemos ignorar a vida do assaltante. Não podemos mais uma vez tirar o sofá da sala...

Ari Friedenbach. Conhece esse nome? Pai da Liana... a estuprada e morta por Champinha... Sabe o que ele fez pelo assassino de sua filha? Perdoou e deu entrevista afirmando que em hipótese alguma é a favor da pena de morte. Por que? Porque sabe que imperaria a lei do PPP (preto, pobre e puta). E sabe também que pessoas como Champinha, quando não se enquadram numa realidade de privação e descaso social - que lhe causa revolta e repulsa pelo seu opressor (o branco e rico) - se enquadra nos sociopatas, pessoas que tem má formação na parte frontal direita do cérebro - detectada inclusive por ressonância - e que priva a pessoa de sentir remorso e achar que o que faz é certo. Ou seja, o que é certo pra nós não é pra ele, e vice -versa...

É uma doença infeliz que poderia ser diagnosticada se tivéssemos uma infra estrutura de saúde perfeita e escolas com pedagogas e psicólogas sensíveis, que notariam a doença pela apatia do aluno...

Resumindo: de quem é a culpa? Minha, sua, nossa. Pessoas que votamos em políticos que não tem comprometimento e nem esclarecimento (lula... Pinduca...) para trabalhar em prol de milhões de pessoas.

Mas não só isso, a culpa é nossa por sermos indiferentes...."


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