Para historiador, batismo de comunidades reflete comportamento da época.
Canções também foram inspiradas no cotidiano de dificuldades e poesia.
Aluizio Freire Do G1, no Rio
Uma curiosa história de adultério coletivo dentro de uma favela em Anchieta, no subúrbio do Rio, inspirou o nome do Morro do Chifrudo, no final dos anos 1970. Mas, os maridos, vingativos, resolveram surrar as mulheres adúlteras e expulsá-las da comunidade. A atitude, apesar de violenta, foi aplaudida por todos, e a localidade passou a se chamar Final Feliz, que permanece até hoje.
Na maioria das vezes, são acontecimentos insólitos, como esse, que inspiram os nomes das comunidades carentes, que diante da ausência do poder público, sobrevivem com o improviso. Reduto de poetas inspirados pelo cotidiano, muitas delas receberam nomes que viraram referência para os cariocas.
Não é à toa que muitas composições ficaram famosas ao retratarem o dia a dia nessas comunidades falando de forma romântica do trabalhador, do estilo boêmio dos moradores, dos sambistas, seresteiros e suas paixões.
Mas, essa realidade mudou. A falta de infraestrutura nessas comunidades, a miséria e a violência, que persistem, passaram a ser as novas fontes para batizar as favelas.
A antropóloga Alba Zaluar, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), explica essa mudança. Segundo ela, no passado havia muita poesia nos morros e favelas e os nomes tinham um componente mais romântico.
“Com o tempo, foram perdendo essa tradição e os nomes começaram a mudar. A própria globalização inspirou outros nomes que não têm muito a ver com a origem da comunidade”, afirma.
O historiador Milton Teixeira concorda com a perda de tradições nas favelas e lembra a origem de alguns nomes, como o da Rocinha.
“Aquela região era cercada de pequenos sítios onde as pessoas cultivavam frutas e legumes que eram vendidos para os moradores da Gávea. Quando alguém perguntava de onde vinham aqueles produtos, os vendedores respondiam: ‘da minha rocinha’”. Ficou o nome.
Vidigal ganhou o nome do proprietário daquelas terras, o general Miguel Nunes Vidigal. A favela do Borel recebeu o mesmo nome de uma fábrica de fumo e rapé. O oratório da divina Providência deu nome à primeira favela do Rio, no Centro, hoje conhecido como Morro da Providência.
“No passado, os nomes das favelas guardavam um vínculo original com a região, com suas tradições. Hoje, batizam as comunidades a partir da influência dos acontecimentos. Infelizmente, nas escolas dentro das favelas não há nenhuma preocupação dos professores em preservar a história da comunidade”, lamenta Milton Teixeira.
Canções que falam das favelas
Do período romântico dos sambistas e até no rap dos dias de hoje, as favelas inspiraram muitas canções, entre elas “Ave Maria no Morro", de Herivelto Martins, feita em 1942, e ‘Nomes de favelas’, de Paulo César Pinheiro, com os seguintes versos:
“O galo já não canta mais no Cantagalo/A água não corre mais na Cachoeirinha/Menino não pega mais manga na Mangueira/ E agora que cidade grande é a Rocinha!/.
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento/Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus/Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres/E a vida é um inferno na Cidade de Deus.”
Entre tantas canções, as favelas também foram exaltadas no “Rap da Felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia, interpretada por Cidinho, e Rap do Salgueiro, de Claudinho e Buchecha.
Canções também foram inspiradas no cotidiano de dificuldades e poesia.
Aluizio Freire Do G1, no Rio
Uma curiosa história de adultério coletivo dentro de uma favela em Anchieta, no subúrbio do Rio, inspirou o nome do Morro do Chifrudo, no final dos anos 1970. Mas, os maridos, vingativos, resolveram surrar as mulheres adúlteras e expulsá-las da comunidade. A atitude, apesar de violenta, foi aplaudida por todos, e a localidade passou a se chamar Final Feliz, que permanece até hoje.
Na maioria das vezes, são acontecimentos insólitos, como esse, que inspiram os nomes das comunidades carentes, que diante da ausência do poder público, sobrevivem com o improviso. Reduto de poetas inspirados pelo cotidiano, muitas delas receberam nomes que viraram referência para os cariocas.
Não é à toa que muitas composições ficaram famosas ao retratarem o dia a dia nessas comunidades falando de forma romântica do trabalhador, do estilo boêmio dos moradores, dos sambistas, seresteiros e suas paixões.
Mas, essa realidade mudou. A falta de infraestrutura nessas comunidades, a miséria e a violência, que persistem, passaram a ser as novas fontes para batizar as favelas.
A antropóloga Alba Zaluar, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), explica essa mudança. Segundo ela, no passado havia muita poesia nos morros e favelas e os nomes tinham um componente mais romântico.
“Com o tempo, foram perdendo essa tradição e os nomes começaram a mudar. A própria globalização inspirou outros nomes que não têm muito a ver com a origem da comunidade”, afirma.
O historiador Milton Teixeira concorda com a perda de tradições nas favelas e lembra a origem de alguns nomes, como o da Rocinha.
“Aquela região era cercada de pequenos sítios onde as pessoas cultivavam frutas e legumes que eram vendidos para os moradores da Gávea. Quando alguém perguntava de onde vinham aqueles produtos, os vendedores respondiam: ‘da minha rocinha’”. Ficou o nome.
Vidigal ganhou o nome do proprietário daquelas terras, o general Miguel Nunes Vidigal. A favela do Borel recebeu o mesmo nome de uma fábrica de fumo e rapé. O oratório da divina Providência deu nome à primeira favela do Rio, no Centro, hoje conhecido como Morro da Providência.
“No passado, os nomes das favelas guardavam um vínculo original com a região, com suas tradições. Hoje, batizam as comunidades a partir da influência dos acontecimentos. Infelizmente, nas escolas dentro das favelas não há nenhuma preocupação dos professores em preservar a história da comunidade”, lamenta Milton Teixeira.
Canções que falam das favelas
Do período romântico dos sambistas e até no rap dos dias de hoje, as favelas inspiraram muitas canções, entre elas “Ave Maria no Morro", de Herivelto Martins, feita em 1942, e ‘Nomes de favelas’, de Paulo César Pinheiro, com os seguintes versos:
“O galo já não canta mais no Cantagalo/A água não corre mais na Cachoeirinha/Menino não pega mais manga na Mangueira/ E agora que cidade grande é a Rocinha!/.
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento/Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus/Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres/E a vida é um inferno na Cidade de Deus.”
Entre tantas canções, as favelas também foram exaltadas no “Rap da Felicidade”, de Julinho Rasta e Kátia, interpretada por Cidinho, e Rap do Salgueiro, de Claudinho e Buchecha.
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