terça-feira, 8 de setembro de 2009

“Policiais civis não sabem investigar”


Roberto Monteiro do
O Povo - Fortaleza


Durante entrevista ao programa Coletiva, da TV O POVO, o secretário da Segurança Pública do Ceará, Roberto Monteiro, afirmou que os policiais civis têm sido “incapazes de fazer uma investigação bem feita porque não têm preparo”













O secretário Roberto Monteiro cobra que os delegados elaborem inquéritos policiais com mais qualidade (Foto: GEORGIA SANTIAGO)



“Temos policiais civis muito, mas muito mal preparados”. A frase, dita com ênfase, é do próprio titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará, Roberto Monteiro. Durante entrevista ao programa Coletiva, exibido ontem pela TV O POVO, o secretário criticou mais uma vez a Polícia Civil, afirmando que os delegados precisam se especializar para produzir inquéritos com qualidade. “Os nossos homens de polícia, os nossos delegados, quase que na totalidade não apresentam (à Justiça) um produto de boa qualidade”.

O secretário citou um dado para exemplificar o despreparo dos policiais civis. Segundo ele, de cada 100 homicídios de autoria desconhecida no Ceará, 85 permanecem sem que os criminosos sejam identificados, mesmo depois de investigados nas delegacias. “(Os policiais civis) são inteiramente incapazes de fazer uma investigação bem feita porque não têm preparo”, afirmou. Em seguida, acrescentou: “Os delegados, muitos deles, não fazem os inquéritos, na verdade. Tem delegado que não toma nem os depoimentos”.

Para tentar mudar essa realidade, o Governo planeja investir nos 74 novos delegados que tomam posse na próxima sexta-feira. “São bem treinados esses homens, mas ainda novos e verdes. A ideia é investir massivamente neles para que a gente melhore essa Polícia”, promete. O secretário informou ainda que trará policiais treinados de São Paulo para ministrar cursos aos delegados que irão atuar na Divisão de Homicídios, que está sendo construída em Fortaleza.

Esta não é a primeira vez que Roberto Monteiro critica a Polícia Civil. Em setembro do ano passado, durante entrevista ao O POVO, o secretário afirmou que a Polícia Civil estava falida. “Eu continuo com a mesma ideia. Nós temos uma Polícia Civil falida e estamos lutando para melhorá-la”, disse ontem, reconhecendo que o número de policiais ainda é reduzido.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira no Estado do Ceará (Sinpoci), Weudo Jorge, comentou, por telefone, as declarações do secretário. “É preciso esclarecer que a Polícia Civil está sucateada. O Estado não está dando as condições necessárias para que se faça um bom trabalho”, reclama. O POVO tentou ouvir o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Ceará (Sindepol), Luzimar Moura, mas o celular estava desligado. (Tiago Braga - tiagobraga@opovo.com.br)


E-Mais

Ao fim do programa, o secretário Roberto Monteiro aproveitou o minuto das considerações finais para deixar uma mensagem aos “colegas policiais”: “As críticas que faço não são para denegrir ou diminuir o policial, mas para melhorar (a Polícia)”.

O secretário foi entrevistado pelos jornalistas Luiz Henrique Campos, repórter especial do O POVO, e Ricardo Moura, pelo coordenador da Central Única das Favelas (Cufa) no Ceará, Preto Zezé; e pela vice-coordenadora do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), Celina Lima.

Roberto Monteiro também falou sobre o programa Ronda do Quarteirão. Questionado sobre a insatisfação dos policiais quanto aos salários e à carga horária (eles trabalham oito horas diárias, durante seis dias da semana), o secretário disse que a Polícia cearense “é uma das mais bem pagas do País” e que, desde o início do programa, os soldados sabiam que a carga horária seria diferente.

No modelo tradicional, os PMs trabalham 12 horas e folgam 24 ou trabalham 24 horas ininterruptas e folgam 48 horas.

Ainda sobre o Ronda do Quarteirão, o secretário reconhece que o programa tem algumas falhas. “Mudanças precisam ser feitas, o programa evolui. Não é um programa fechado”.

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