Jorge Antonio Barros - Do Repórter do Crime
A observação de números sempre depende do ponto de vista de cada um. O relatório do Instituto de Segurança Pública (ISP), com as estatísticas de julho, foi divulgado ontem. Ele mostra que, em relação ao mesmo mês do ano passado, houve uma queda em:
Homicídios - menos 3,9%
Roubos de veículos - menos 10,2%
Furtos de veículos - menos 3,2%
Latrocínios (assaltos seguidos de morte) - menos 14,3%
Roubos de carga - menos 20,2%
Por outro lado, houve aumento em:
Crimes de rua (roubo de celular, assaltos a transeuntes e a ônibus) - mais 2,5%
Assaltos a residência - mais 29%
Sequestro relâmpago - mais um caso
Sequestro com momentânea privação de liberdade - mais oito casos
Autos de resistência (mortes em confronto com a polícia) - mais 40%
Nessa gangorra, o que acaba contando para o cidadão de bem é que aumentou nas ruas a sensação de insegurança, sobretudo esta semana, quando houve um dia de assaltos com morte na Zona Sul; pânico provocado pelo roubo de uma moto dentro do Túnel Zuzu Angel, na Zona Sul; e assassinados dois PMs que faziam a segurança do presidente da Cedae, na Zona Norte. De fato é um desafio para o governo do estado lidar com a sensação de insegurança, que acaba sendo o resultado do clima gerado por um conjunto de fatores ligados à percepção das pessoas, a partir de conversas nas ruas, histórias de crimes que não são publicadas nos jornais e casos que ganham destaque na imprensa na maioria das vezes porque contêm características que põem todos em estado de alerta. Infelizmente nem sempre números em queda significam diminuição no "pazômetro", o termômetro imaginário que mede a sensação de paz na cidade.
Outro aspecto importante é que, apesar da queda registrada em quatro modalidades de crime importantes, os números da criminalidade no Rio ainda estão em patamares muito altos. No caso dos homicídios - que eu considero o item mais importante da cesta básica da violência (já outros vão considerar o patrimônio, por exemplo) - a redução de 3,9% significa em números absolutos menos 16 almas. Com certeza é importante, mas ainda está longe da meta da Secretaria de Segurança Pública fixada em 11,7%, entre julho e dezembro. Por isso mesmo, embora esse tipo de crime tenha registrado queda em julho não atingiu a meta prevista para o mês. A queda precisa crescer para se chegar ao fim do ano dentro da meta prevista pela Secretaria de Segurança. A média anual no estado é de 6 mil homicídios por ano.
O pior é que, se for levada em conta a orientação da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), do Ministério da Justiça, a contagem mais precisa seria a trimestral - de maio a julho porque permitiria verificar qual é a tendência, de alta ou de queda. Pois naquele período houve aumento de 10,27% nos crimes de morte, passando de 1.277 para 1.358 homicídios dolosos no estado. Ou seja, a tendência das mortes violentas é de alta e é isso que mais me preocupa.
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