Por Isabel Boechat - do Extra
As Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) podem tranquilizar a vida dos moradores das cinco comunidades contempladas com o projeto. No entanto, a rotina de medo de moradores de outras favelas, que já viviam sob a rotina da violência do tráfico de drogas, se tornou ainda pior. O motivo: a migração dos criminosos expulsos pela polícia dos locais que foram pacificados.
Um levantamento feito pelo Disque Denúncia (2253-1177) apontou o Complexo da Penha como uma das áreas para onde os traficantes mais migraram, após a criação das UPPs em suas favelas de origem. Segundo o estudo, o traficante Fabiano Atanásio, o FB, tem dado abrigo e fornecido moradia a membros de sua facção que são expulsos.
Mesmo com toda o acolhimento do Complexo da Penha, o local seria um abrigo transitório. Após passar pelas favelas da região, os criminosos iriam para favelas menores, em São Gonçalo e na Baixada Fluminense. Nelas, dependendo da função exercida na facção, eles começariam a receber as drogas que seriam vendidas em sua comunidade de origem para começar ali um novo negócio. Desta forma, o tráfico migraria junto com eles.
Toque de recolher O Disque Denúncia tem fornecido à polícia informações prestadas pela população sobre os principais destinos desses foragidos e a maneira como atuam nas comunidades em que se abrigam.
Segundo denúncias, os criminosos, com pistolas e fuzis, impõem toque de recolher a moradores, comerciantes e estudantes das comunidades "anfitriãs". Alguns moradores teriam sido obrigados a guardar armas de traficantes e a fornecer comida a visitantes deles. Ainda de acordo com os relatos que chegaram ao Disque Denúncia, quem reside nestas áreas deixa claro que boa parte das comunidades não aceitaria a situação e suas famílias estariam sofrendo ameaças.
No último dia 17, a Polícia Civil fez uma operação para localizar, na favela da Chatuba, na Penha, o paradeiro de 15 bandidos da Cidade de Deus, em Jacarepaguá - comunidade que também foi contemplada com a criação de uma UPP.
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