terça-feira, 5 de janeiro de 2010

RJ: Autos de resistência tem aumento de 15,7% em 2009


Por Cecília Olliveira

O Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) divulgou nesta segunda feira, dia 4, os dados sobre violência no estado, relativos ao mês de novembro de 2009, onde foram registradas menos 78 mortes por homicídios dolosos (assassinatos), representando uma diminuição de 15,1%.

A informação, analisada com recorte, realmente é interessante. Vale ressaltar, porém, que de janeiro a novembro de 2008, ocorreram 5.194 homicídios dolosos, ante 5.318 registros em 2009, o que significa um aumento de 124 casos, ou seja, 3%. Assim sendo, houve aumento no índice de dados consolidados.

A queda em algumas taxas foi celebrada por parte dos jornais cariocas e comentada pelo governador Sérgio Cabral, para quem os índices refletem a política de segurança implantada no Rio de Janeiro em 2009.

O pesquisador e professor Luiz Antonio Machado, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), acredita que é preciso analisar os índices com cautela e diz que ainda não há motivo para comemorar. Para ele, afirmar que os números resultam da política de segurança pública vigente “é uma irresponsabilidade do ponto de vista analítico”, comenta.

“As taxas vêm caindo como resultado de um processo de longo prazo, e não da política de segurança, que continua sendo uma política de guerra”, conclui Machado.

O argumento do professor parece encontrar justificativa em uma das taxas apuradas pelo Instituto. Os autos de resistência, título que reúne as mortes ocorridas em confrontos que envolvem a polícia, apresentou aumento de 15,7% (mais 34 vítimas) em relação ao trimestre móvel do ano de 2008. Para além dos dados do penúltimo mês de 2009, os números divulgados na página do ISP mostram que, de uma maneira geral, o ano não foi só de boas notícias no que diz respeito à segurança pública. No primeiro trimestre, 1.695 pessoas foram assassinadas no estado, sendo 622 na cidade do Rio de Janeiro – 39 a mais que em 2008. Destas, 568 mortes ocorreram na Zona Norte e Oeste da cidade, ou seja, mais de 90% dos casos. Esses índices não mereceram comentário por parte do governador ou da imprensa.

É nesse contexto que Luiz Antonio Machado lembra que, apesar da celebração do governo do estado e de parte mídia, o número de homicídios ainda é muito alto. “Não há motivos para soltar fogos”, finaliza o pesquisador.

Com informações do Observatório de Favelas

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