domingo, 21 de fevereiro de 2010

Metritocracia na polícia? Que mérito?

Por Cecília Olliveira

A inicativa adotada, mais uma vez, pelo governo fluminense, premia policiais que alcançaram a meta esbalecida de reduzir a criminalidade desde o segundo semestre de 2009. Na proposta governamental são premiados todos os profissonais da área de segurança pública que conseguiram os resultados, ou seja, toda a Aisp (Área Integrada de Segurança Pública), que envolve policiais militares e civis.

Os batalhões premiados, 13° BPM (Praça Tiradentes - Centro) e 23° (Leblon - Zona Sul) refletem a velha dicotomia da política que beneficia a Zona Sul em detrimento das áreas menos favorecidas. Não obstante, o "deslocamento de corpos" não é obra do cinema, ilustrado em Tropa de Elite. É fato real adotado pelas polícias com o intuito de que o crime ocorrido em determinada área seja contato em outra. Isto por si só demereceria a meritocracia.

A pergunta que não quer calar: Porque premiar uma polícia civil que não esclarece crimes? A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro divulga índices de elucidação de crimes? Ou os esconde porque tem vergonha de mostrar a taxa pífia desmoralizaria o governo?

Mais uma coisa: Como esta iniciativa não compõe uma política pública (é uma ação isolada, descoordenada), existe acompanhamento destas estatísticas ou verificação de veracidade? Duvido...

Novela repetida

Uma decisão errada, como a premiação por “atos de bravura”, criada pelo governo Marcello Alencar (PSDB), em 1995, pode ter efeitos desastrosos. O bônus, que ficou conhecido como "gratificação faroeste", estimulou mortes em supostos confrontos, registrados como autos de resistência. Isso ficou comprovado em levantamento feito pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser), intitulado Letalidade da Ação Policial no Rio, que mostrou que, desde que começaram as premiações, o número de mortos em ações policiais dobrou na capital, subindo de 16 para 32 por mês, e o índice de letalidade subiu de 1,7 para 3,5 mortos por ferido. Para validar os dados, o Iser comparou dois períodos: janeiro de 1993 a abril de 1995 (anterior à aplicação da gratificação) e maio de 1995 a julho de 1996, posterior. Medida efetiva é uma política que pague bem os profissionais de segurança pelo trabalho desenvolvido, um bom salário e incentivos profissionais.

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