Por Cecília Olliveira
Há três semanas que conflitos armados na Maré são diários. Terceiro Comando Puro (Morro do Timbau) e Comando Vermelho (Nova Holanda) romperam o “acordo de paz” firmado tempos atrás e a relativa tranqüilidade com que moradores da região se habituaram, acabou.
No meio destes dois territórios está a escola municipal Samora Machel, que ontem passou por uma situação complicadsíssima. A execução do Hino Nacional para a entrada do segundo turno foi interrompida a tiros. Alunos do turno da manhã ainda estavam na porta da escola.
Este poste fica em frente a Escola Municipal Samora Machel e tem marcas de balas que indicam entrada e saída de ambos os lados, ou seja, fogo cruzado. Foto: Cecília Olliveira
Alunos, pais e mães entraram para o refeitório e ali ficaram, abaixados, até que cessassem os tiros. Um garoto de 17 anos – que usava uniforme da escola, mas não era aluno – subiu a rua trocando tiros com o pessoal do TCP e morreu, com inúmeras perfurações de tiros de fuzil, na porta da escola. Durante a semana o carro de um professor foi perfurado com vários tiros. Um senhor foi baleado na segunda feira, quando a Nova Holanda estava sem luz.
O Blindado do 22° Batalhão (sim, este batalhão usa blindados) entrou na escola de ré, provocando ainda mais pavor naqueles que ali estavam e helicópteros da polícia sobrevoavam a área. A diretora chamou o comandante da área para conversar sobre a situação e os professores se dirigiram a CRE (Coordenadoria Regional de Educação), com o mesmo objetivo. O Batalhão fica na mesma rua, a Rua Principal, em que ocorrem os conflitos.
“A CRE (como se referem os professores às pessoas da Coordenadoria) disse que não pode fazer muita coisa porque segurança pública é assunto de âmbito estadual e não municipal. Não estamos seguros para dar aulas na semana que vem. Ninguém assegura nossa segurança. Eu sozinho é uma coisa. Agora imagine cuidar de mais 30 crianças? É muita responsabilidade!”, diz um professor.
Outro diz que na quinta feira conversava com um colega, que o ligou em pânico (eram de turnos diferentes). “Na sexta nos unimos e decidimos que não dá pra dar aulas. Não é seguro. A escola Helio Smith é assaltada toda semana”, disse.
As escolas Samora Machel e Elis Regina e as Creches Nova Holanda e Monteiro Lobato estão no meio deste fogo cruzado há uma semana e pouco se vê na mídia e menos ainda, por parte do poder público. Os direitos de ir e vir e o direito a educação não vigoram em todos os territórios da mesma forma, há tempos.
Sobre o desdém da CRE, que insinuou que os professores estavam fazendo “corpo mole”, uma professora questionou: "Você tem marcas de tiro de fuzil na sua mesa de trabalho? Eu tenho várias”.
ATUALIZAÇÃO
Quando havia uma semana de conflitos diários, professores se uniram e foram a CRE, que até hoje (já se somam três semanas) não tomou providências sobre a situação. Os conflitos continuam DIÁRIOS e a CRE mantém sua primeira resposta: Os diretores das escolas tem a autonomia pra decidir se haverá aulas ou não, isentando sua responsabilidade com a segurança dos profissionais e alunos que gere.
Funcionários das escolas da Maré estão tendo dificuldades de entrar e sair do seu ambiente de trabalho. Há professores que já se afastaram do trabalho, com atestado médico comprovanto seu desequilíbrio emocional e outros que outros pensando em pedir exoneração ou transferência.
De acordo com a CRE, diretoria e professores devem analisar se o ambiente está tenso o suficiente para suspender as aulas. Tal posicionamento ignora as circunstâncias reais de que não há como prever um tiroteio, e nem tampouco, garantir a segurança dos envolvidos.
Quem tomou "uma decisão" foi o tráfico, que alterou a entrada da Escola Municipal Samora Machel da Rua Principal, para a lateral esquerda. Agora os alunos entram na escola pela quadra de esportes. Os conflitos continuam na Principal.
E o secretário Beltrame, o que tem a dizer sobre isso?
ResponderExcluirTalvez que um tiro na Maré é menos importante que um tiro em Copacabana...
ResponderExcluirVai toma no cu seu a.d.a. Na mare tanbem tem morado inocente
ExcluirAntônio,o Rio está cheio de pessoas como voçê,voçê é a imagem da falta de educação,essa violencia começou com pessoas como voçê,continue assim,passe sua filosofia para seus filhos e um dia vou ver ele sendo carregado pelo bope.
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