Josmar Jozino, do Estadão
Os casos de latrocínios (roubos seguidos de morte) registrados de janeiro a setembro deste ano superaram os de todo o ano passado na capital paulista - 73 neste ano, ante 69 em 2008. Na comparação entre os três primeiros trimestres de 2009 com igual período do ano passado (51 ocorrências), o crescimento foi de 43%. O número, porém, pode aumentar, pois pelo menos dois boletins de ocorrência foram elaborados como roubo consumado e homicídio doloso.
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A reportagem apurou que a Polícia Civil registrou 21 latrocínios na capital de julho a setembro deste ano. Os dados são do Infocrim, uma importante ferramenta desenvolvida pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) para mapear e combater a criminalidade no Estado. No primeiro trimestre de 2009, houve 27 casos e no segundo trimestre, 25. As estatísticas oficiais devem ser divulgadas somente no dia 20.
Segundo o sociólogo Ignácio Cano, professor e coordenador de pesquisas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o latrocínio é um assalto que deu errado e um crime difícil de ser combatido. Segundo ele, para diminuir os casos é necessário combater com sucesso os roubos. "Se houver uma política de prevenção aos assaltos, com mapeamento, investigação e policiamento ostensivo, haverá, automaticamente, redução nos roubos seguidos de morte. A maioria desses crimes é cometida com arma de fogo." No entanto, o pesquisador destaca que o aumento de casos, em números absolutos, é pequeno, o que dificulta uma análise mais detalhada.
Os números obtidos pela reportagem mostram que a maioria dos latrocínios registrados no terceiro trimestre de 2009 na capital ocorreu na zona leste. Foram nove casos no Belém, Penha, Vila Matilde, Carrão, São Mateus (dois), Parque São Jorge, Vila Formosa e Cidade A.E. Carvalho.
Uma das vítimas na zona leste foi o aposentado Evaldo Sebastião Lago Branco, de 58 anos. Ele foi morto a tiros por três ladrões na porta de casa, na Rua Rodovalho Júnior, Penha, na madrugada de 28 de setembro. Os assaltantes queriam o Peugeot 206 dele. O aposentado não reagiu e entregou o carro, mas ainda assim foi baleado.
Procurada, a Polícia Militar informou, por meio do capitão Emerson Massera, da Assessoria de Imprensa da corporação, que a maior parte das vítimas de latrocínio é atacada em veículos. "A prevenção desse tipo de crime realmente é difícil. O assaltante, geralmente, é um pequeno criminoso, desastrado e despreparado. Não tem equilíbrio emocional e quase sempre está mais nervoso do que a vítima", acrescentou.
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