Do O Globo
Programas dedicados à primeira infância elevaram a taxa de conclusão do ensino médio e reduziram a criminalidade nos Estados Unidos, mostra artigo do professor da Universidade de Chicago e prêmio Nobel de economia James Heckman. O atendimento em alguns deles começa nos primeiros meses de vida dos bebês, envolvendo diretamente as famílias. Professores com formação específica, turmas com menos de dez crianças por docente, currículos claramente estruturados e atividades diárias fazem parte do roteiro.
A professora da Georgetown University Sharon Ramey disse que os ganhos obtidos com esses programas, no entanto, podem ficar para trás se a criança for depois matriculada em escolas de baixíssima qualidade. Disse que isso já foi observado com crianças negras e pobres em Washington, onde a rede pública é uma das piores do país.
— O atendimento na primeira infância não é suficiente para crianças de ambientes de baixa renda.
A professora afirmou ainda que, para surtir efeito, as intervenções na primeira infância exigem planejamento e dedicação.
Ou seja, ações isoladas não bastam.
Uma das iniciativas citadas por Heckman é o Programa Perry, que começou a atender crianças de 3 anos, de famílias negras de baixa renda, no estado de Michigan, nos EUA, na década de 1960.
Ao longo de dois anos letivos, cada aluno tinha duas horas e meia diárias de atividades, como jogos e brincadeiras, sob orientação de professoras.
As informações estão em artigo de Heckman e três pesquisadores brasileiros (Aloísio Araújo, Flávio Cunha e Rodrigo Moura), publicado na coletânea “Educação Básica no Brasil”, sob o título “A educação infantil e sua importância na redução da violência”. Uma vez por semana, uma professora visitava a casa do aluno.
Nesses contatos, segundo Heckman, deve-se alertar os pais sobre cuidados com o bebê, assim como estimular a leitura de histórias em voz alta.
— Coisas que pessoas de classe média sabem, mas famílias carentes, não — disse Heckman.
Os jogos eram baseados na solução de problemas e eram guiados por perguntas das professoras, que estimulavam o desenvolvimento cognitivo das crianças. Participaram 123 crianças. Ao final, 66% delas concluíram o ensino médio, contra 45% do chamado grupo de controle, isto é, alunos que não receberam o mesmo tipo de atendimento.
Outro programa foi o Abecedarian, que atendeu 111 crianças nascidas entre 1972 e 1977. Na média, os bebês ingressavam no programa aos 4 meses de vida e ficavam até os 8 anos. O custo ficou em US$ 15.121 por aluno, a preços de 2006. Isso é cerca de 50% mais do que o gasto médio por estudante de ensino fundamental e médio, nos EUA. O custo do programa Perry era menor: US$ 9.785.
Acesse os estudos clicando aqui.
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