domingo, 27 de dezembro de 2009

Segurança para a Copa: Pública x Privada?


Por Cecília Olliveira

Treinamentos para prevenir ações terroristas durante os jogos da Copa de 2014 e instruir equipes a combater explosivos e comércio de armas já estão em andamento.

O programa Treinar, uma parceria do PNUD com a SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública), recebeu em agosto 45 policiais durante 17 dias de treinamento físico e de inteligência. Novas turmas estão previstas para o próximo ano.


Cerca de 2 mil agentes e delegados da Polícia Federal começam no início do ano a receber um treinamento especial para atuarem na segurança da Copa do Mundo no Brasil, em 2014 a PF criou um grupo voltado exclusivamente para o evento, que tem entre suas atribuições a fiscalização de empresas de segurança privada que trabalharão no interior dos estádios onde as partidas serão realizadas.

A coordenação da segurança era de responsabilidade das Forças Armadas, como ocorreu na Eco-92, o que mudou com a criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), quando a responsabilidade ficou a cargo da área civil do governo, reunindo todos os órgãos de segurança, integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e as forças estaduais.

Segurança nos Estádios

Outro dia publiquei aqui um texto do blog Estádios e Arenas, de Romulo Macedo, onde o cunsultor em gestão esportiva questionava o papel da polícia em grandes eventos esportivos. Na ocasião, a discussão teve como pano de fundo as lamentáveis cenas que vimos no final do jogo Coritiba x Fluminense (06/12/09) no estádio Couto Pereira.


Na oportunidade Romulo falou sobre o funcionamento de grandes eventos esportivos pelo mundo, citando como exemplo os estádios ingleses, que tem figura do Oficial de Segurança, um profissional responsável pela a segurança dos espectadores do estádio, em parceria com os comandantes da polícia e do corpo de bombeiros, mas que tem a responsabilidade de orientar o público, atuar em pequenos incêndios e tumultos, avisar qualquer movimentação diferente, prevenir invasões de campo, controlar os acessos, não permitir a aglomeração nas áreas de circulação e escape, colocar em prática os planos de contingências e muitas outras importantes tarefas. Lá a polícia tem a responsabilidade de garantir a ordem pública somente no exterior dos estádios, ou seja, permitir que o torcedor saia e retorne a casa sem nenhum transtorno.

Major Alves, comandante do Batalhão de Policiamento de Eventos de Minas Gerais e responsável pelo policiamento de jogos no Mineirão, segundo maior estádio do país, atrás apenas do Maracanã, diz que concorda, em parte, com Romulo. “No caso do Reino Unido, há duas questões que devem ser levadas em consideração: legislação e cultura. A exemplo dos Hooligans, que só foram controlados após uma intervenção "cirúrgica" e enérgica da polícia inglesa, principalmente dentro dos estádios e, o que é mais interessante, quase sempre antes dos jogos esportivos.”

Para o Major, o que acontece nas ruas próximas aos estádios de futebol, tem início dentro do campo, nas arquibancadas. “Logo, é mesmo importante que os policiais que estão atuando fora dos estádios saibam tudo o que está ocorrendo do lado de dentro”, afirma.

Para ele, a solução para essa questão, no Brasil, está muito mais na atuação coordenada dos protagonistas da promoção da paz social (polícia e outros órgãos, e até mesmo as empresas de segurança particular), dentro ou fora dos estádios. “A solução caminha para posturas de agregação, como ocorreu na Inglaterra no final do século passado. A partir dessa evolução, então, poderemos pensar em eventos esportivos sem a presença maciça da polícia dentro dos estádios”, finaliza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mais Lidos