segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2009: o ano em que a milícia perdeu


Por Camilo Coelho -do Casos de Polícia

A Secretaria de Segurança fechou o ano de 2009 com um número expressivo de milicianos presos: 245. É mais que o dobro do somatório dos três anos anteriores, quando a polícia conseguiu colocar atrás das grades 107 pessoas ligadas a milícias. No ano passado foram presos Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, que estava à frente da "Liga da Justiça", em Campo Grande; o vereador Cristiano Girão, que comandava a milícia na Gardênia Azul, em Jacarepaguá; e o policial militar Juracy Alves Prudêncio, líder do Bonde do Jura, que atuava em toda a Baixada Fluminense.

As coisas podem melhorar ainda mais. Para 2010, Jorge Gerhard, chefe do setor de inteligência da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), espera receber novos equipamentos e ver a formulação de uma lei estadual para a proteção das testemunhas dos casos envolvendo a milícia.

— Vamos receber equipamentos novos e teremos novidade com relação à proteção de testemunhas, num projeto do Governo do Estado. O ano que passou foi ótimo em relação ao combate das milícias. Não trabalhamos mais com prisão temporária, agora vamos direto para a preventiva — explicou ele.

Toni Ângelo Aguiar: foragido da Justiça. - Foto de reproduçãoSegundo o setor de inteligência da Draco, quatro homens importantes seguem foragidos: Francisco César de Oliveira, o Chico Bala; Toni Ângelo Souza Aguiar, o Tony; e os irmãos Dalmir e Dalcemir Barbosa.

O resultado de 2009 também foi comemorado pelo deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da CPI das Milícias, que elogiou a prisão do último representante dos grupos paramilitares na política, o vereador Cristiano Girão. Para o deputado, agora, a polícia deveria atacar as fontes de renda da milícia, acabando com a cobrança do transporte alternativo, dos botijões de gás e das centrais clandestinas de TV a cabo.

— Em nenhum lugar do mundo se consegue combater organizações criminosas sem atacar a fonte de dinheiro. Falta uma vitória: o corte do braço econômico. As milícias continuam dominando vans, territórios, extorquindo as pessoas, mesmo com os líderes presos — disse.

O deputado comentou ainda a importância de se conseguir mandados de prisão para os líderes que continuam foragidos.

— Faltam os foragidos, mas hoje todos estão com as prisões decretadas. O problema da milícia teve um grande avanço, mas não está resolvido — disse Freixo, que frisou a importância da prisão dos braços políticos:

— Eles sentiram, porque pegamos os de cima, quem estava no poder.

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