terça-feira, 8 de setembro de 2009

Crime cada dia mais organizado

Por Cecília Olliveira

Aproveitando o vácuo de anos de uma polícia que se preocupou em negar, com apoio governamental das tres esferas, a existencia do crime organizado, os “meliantes” tem mostrado, de tempos em tempos, a que vieram.

Os cariocas já conhecem bem o cotidiano violento e a omissão política. Os paulistas também conheceram de perto (muito perto) a organização e a disposição daqueles, que até então, não existiam.

Enquanto aqueles que deviam zelar pela integridade da sociedade que representam tentavam se eximir da responsabilidade de apurar os fatos e enfrentar o problema enquanto era tempo (como o fez o então secretário de Estado de Administração Penitenciária de São Paulo, João Benedito Azevedo Marques, diante da primeira denuncia sobre o PCC, feita pela jornalista Fátima Souza – leia mais aqui), a organização da “empresa” só se aprimorou.

Pois bem. Eis que entra na rota dos horrores, a capital baiana. Desde ontem, ironicamente dia da independência do Brasil, Salvador tem sido vitima de ataques que lembram São Paulo em 2006 (leia mais aqui).

Os ataques começaram na madrugada de domingo, quando cerca de 12 homens, em três carros, atiraram em direção aos postos militares do Uruguai, Ribeira, Estações Pirajá e Mussurunga, fechando num saldo de três policiais feridos e três suspeitos mortos. Seis ônibus foram incendiados até a madrugada de hoje, segundo informações da Polícia Militar.

De acordo com declarações do governador do estado, Jaques Wagner (PT), os ataques seriam uma “resposta” à transferência do traficante Cláudio Eduardo Campanha, de Salvador, para o presídio de segurança máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.

Já o secretário de Segurança da Bahia, César Nunes, repete a posição errônea adotada há anos e que gerou o embrião que hoje aterroriza a todos: não confirma nem desmente a versão do governador.

Informações

No microblog Twitter, baianos tem relatado a onda de ataques que desde ontem lhes tiram o sono. É o caso do jornalista Paulo Oliveiras, que tem narrado os fatos na tarde de hoje:

Paulo escreveu: “Depois de uma coletiva, pela manhã, do secretário de segurança, na qual dizia que não havia motivo para pânico, novos ataques começaram” e “Nas últimas horas, ninguém informa onde o governador Jaques Wagner e o secretário César Nunes estão. A Bahia em clima de PCC, CV ...”

Pouco antes dos twitts de Paulo, o deputado federal ACM Neto (DEM) falava sobre seu “discurso veemente no plenário da Câmara Federal”, em que ele chegou a dizer que “que violência na Bahia se escreve com 'W', de Wagner”. (ouça aqui)

Acusar não resolve. Como representante popular - independente de sigla partidária ou localização geográfica - deveria se unir para ajudar e não tocar fogo no Judas.

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