Analder Lopes, Marcos Benjamin e Ricardo França do UPP Repórter
Ao mesmo tempo em que iniciaram uma era de paz, as UPPs instaladas nas sete comunidades da Zona Sul do Rio causaram um prejuízo milionário nas facções criminosas que exploravam o tráfico de drogas nessas áreas. Levantamento inédito realizado pela subsecretaria de Inteligência revela que os criminosos movimentavam até R$ 1,850 milhão por mês com a venda de entorpecentes. A estimativa da Inteligência trabalha com esse teto tendo como referência os meses considerados mais lucrativos, de grandes eventos e com intenso fluxo de turistas, como festas de fim de ano e Carnaval. O relatório final, que ficou pronto esta semana, também contém informações sobre estimativas de faturamento do tráfico em outras comunidades de diversas regiões da cidade.
A investigação listou o preço de cada tipo de droga vendida no varejo (maconha, cocaína, crack, haxixe e ecstasy) e a variação de preços entre as ‘bocas-de-fumo’ (pontos de venda). Os traficantes da Ladeira dos Tabajaras e do Morro dos Cabritos, comunidades ocupadas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) no dia 23, eram os que mais lucravam: até R$ 800 mil por mês. Os traficantes que dominavam o Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira / Babilônia e o Santa Marta movimentavam até R$ 300 mil/mês; e os do Cantagalo, até R$ 150 mil. Foram mapeadas as localizações de todas as ‘bocas-de-fumo’ em imagens feitas por satélite.
De acordo com o relatório da Inteligência, os traficantes do Morro dos Cabritos, que era controlado por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, eram os únicos que comercializavam ecstasy, droga sintética usada por jovens em festas raves. Os bandidos também lucravam com a venda ilegal de sinal de TV a cabo, o “Gato Net”, venda de gás, e explorando o transporte alternativo, com a cobrança de taxas e realização de serviços de transportes de drogas, armas e pessoas de uma localidade para outra de domínio da mesma facção.
Segundo o analista de inteligência que sistematizou os dados, o objetivo é entender a estrutura financeira dos traficantes, que alimenta a compra de armas de grosso calibre e financia as ‘guerras’ entre as facções. “A disputa entre grupos rivais acontece porque umas comunidades são mais lucrativas que outras. Queremos entender como funciona esse mercado, pois são informações importantes para ações preventivas da Secretaria de Segurança com base nos relatórios da inteligência”, explica.
VIOLÊNCIA EM QUEDA – A velocidade do prejuízo nas finanças do tráfico acompanha, na mesma proporção, a redução dos índices de criminalidade nas áreas ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadoras. A Cidade de Deus, na Zona Oeste, é um exemplo. De 10 de novembro de 2007 a 10 de novembro de 2008, a Polícia Civil registrou 34 assassinatos na comunidade. Já de 11 de novembro de 2008 a 11 de novembro deste ano, foram seis casos: uma redução de 82%. No mesmo período houve uma redução de roubos de carros de 83%, ou seja, de 68 casos para 11. As ocorrências de assaltos em coletivos reduziram de 141 para 41 casos, 70,9%.
No Morro Santa Marta, em Botafogo, os índices de criminalidade também estão em queda. De 18 de novembro de 2007 a 18 de novembro do ano passado, foram registrados três homicídios na área da favela. Já de 19 de novembro de 2008 a 19 de novembro deste ano, não houve homicídio na comunidade. No mesmo período, houve queda de 44% no número de roubos de carros.
OTIMISMO – Os exemplos do Morro Santa Marta e da Cidade de Deus aumentam o otimismo dos moradores da Ladeira dos Tabajaras e do Morro dos Cabritos, últimos a ganharem uma UPP. Os policiais do BOPE ocuparam as favelas sem disparar um tiro sequer. Hoje, a rotina é outra. “Agora podemos andar sem medo pela comunidade sem ser abordado pelos traficantes armados”, disse o estudante Luiz Paulo, 17 anos, que mora há 5 anos no Tabajaras. “Os bandidos foram embora. Espero que os policiais fiquem direto”, Sônia, 31 anos, Dona de Casa, que mora há 22 anos no local. A garantia do direito de ir e vir foi comemorada pelo estudante Lucas, 15 anos: “Agora temos horário de ir e voltar sem se preocupar com toques de recolher”.
REUNIÃO – Na tarde desta terça-feira (29/12), o comandante do BOPE, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, se reuniu com as lideranças comunitárias das comunidades Tabajaras e Cabritos. O encontro aconteceu na quadra da escola de samba na Ladeira dos Tabajaras. Na reunião, o comandante explicou aos representantes das comunidades os procedimentos utilizados pela polícia, como funcionam as ações e quais são as finalidades da operação que visam a ocupação dos territórios.
O coronel Paulo Henrique ouviu ainda os anseios dos moradores de receber os outros serviços oferecidos pelas demais secretarias dos governos estadual e municipal, e pôde ter um termômetro de como a população está avaliando o trabalho da polícia. No mês passado, o comandante do Bope também fez uma reunião como essa com os moradores das comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo e avaliou como muito proveitosa as informações trocadas no encontro com as lideranças comunitárias.
Ao mesmo tempo em que iniciaram uma era de paz, as UPPs instaladas nas sete comunidades da Zona Sul do Rio causaram um prejuízo milionário nas facções criminosas que exploravam o tráfico de drogas nessas áreas. Levantamento inédito realizado pela subsecretaria de Inteligência revela que os criminosos movimentavam até R$ 1,850 milhão por mês com a venda de entorpecentes. A estimativa da Inteligência trabalha com esse teto tendo como referência os meses considerados mais lucrativos, de grandes eventos e com intenso fluxo de turistas, como festas de fim de ano e Carnaval. O relatório final, que ficou pronto esta semana, também contém informações sobre estimativas de faturamento do tráfico em outras comunidades de diversas regiões da cidade.
A investigação listou o preço de cada tipo de droga vendida no varejo (maconha, cocaína, crack, haxixe e ecstasy) e a variação de preços entre as ‘bocas-de-fumo’ (pontos de venda). Os traficantes da Ladeira dos Tabajaras e do Morro dos Cabritos, comunidades ocupadas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) no dia 23, eram os que mais lucravam: até R$ 800 mil por mês. Os traficantes que dominavam o Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira / Babilônia e o Santa Marta movimentavam até R$ 300 mil/mês; e os do Cantagalo, até R$ 150 mil. Foram mapeadas as localizações de todas as ‘bocas-de-fumo’ em imagens feitas por satélite.
De acordo com o relatório da Inteligência, os traficantes do Morro dos Cabritos, que era controlado por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, eram os únicos que comercializavam ecstasy, droga sintética usada por jovens em festas raves. Os bandidos também lucravam com a venda ilegal de sinal de TV a cabo, o “Gato Net”, venda de gás, e explorando o transporte alternativo, com a cobrança de taxas e realização de serviços de transportes de drogas, armas e pessoas de uma localidade para outra de domínio da mesma facção.
Segundo o analista de inteligência que sistematizou os dados, o objetivo é entender a estrutura financeira dos traficantes, que alimenta a compra de armas de grosso calibre e financia as ‘guerras’ entre as facções. “A disputa entre grupos rivais acontece porque umas comunidades são mais lucrativas que outras. Queremos entender como funciona esse mercado, pois são informações importantes para ações preventivas da Secretaria de Segurança com base nos relatórios da inteligência”, explica.
VIOLÊNCIA EM QUEDA – A velocidade do prejuízo nas finanças do tráfico acompanha, na mesma proporção, a redução dos índices de criminalidade nas áreas ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadoras. A Cidade de Deus, na Zona Oeste, é um exemplo. De 10 de novembro de 2007 a 10 de novembro de 2008, a Polícia Civil registrou 34 assassinatos na comunidade. Já de 11 de novembro de 2008 a 11 de novembro deste ano, foram seis casos: uma redução de 82%. No mesmo período houve uma redução de roubos de carros de 83%, ou seja, de 68 casos para 11. As ocorrências de assaltos em coletivos reduziram de 141 para 41 casos, 70,9%.
No Morro Santa Marta, em Botafogo, os índices de criminalidade também estão em queda. De 18 de novembro de 2007 a 18 de novembro do ano passado, foram registrados três homicídios na área da favela. Já de 19 de novembro de 2008 a 19 de novembro deste ano, não houve homicídio na comunidade. No mesmo período, houve queda de 44% no número de roubos de carros.
OTIMISMO – Os exemplos do Morro Santa Marta e da Cidade de Deus aumentam o otimismo dos moradores da Ladeira dos Tabajaras e do Morro dos Cabritos, últimos a ganharem uma UPP. Os policiais do BOPE ocuparam as favelas sem disparar um tiro sequer. Hoje, a rotina é outra. “Agora podemos andar sem medo pela comunidade sem ser abordado pelos traficantes armados”, disse o estudante Luiz Paulo, 17 anos, que mora há 5 anos no Tabajaras. “Os bandidos foram embora. Espero que os policiais fiquem direto”, Sônia, 31 anos, Dona de Casa, que mora há 22 anos no local. A garantia do direito de ir e vir foi comemorada pelo estudante Lucas, 15 anos: “Agora temos horário de ir e voltar sem se preocupar com toques de recolher”.
REUNIÃO – Na tarde desta terça-feira (29/12), o comandante do BOPE, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, se reuniu com as lideranças comunitárias das comunidades Tabajaras e Cabritos. O encontro aconteceu na quadra da escola de samba na Ladeira dos Tabajaras. Na reunião, o comandante explicou aos representantes das comunidades os procedimentos utilizados pela polícia, como funcionam as ações e quais são as finalidades da operação que visam a ocupação dos territórios.
O coronel Paulo Henrique ouviu ainda os anseios dos moradores de receber os outros serviços oferecidos pelas demais secretarias dos governos estadual e municipal, e pôde ter um termômetro de como a população está avaliando o trabalho da polícia. No mês passado, o comandante do Bope também fez uma reunião como essa com os moradores das comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo e avaliou como muito proveitosa as informações trocadas no encontro com as lideranças comunitárias.
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