sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mais um capítulo na Crise da Segurança Pública no Espírito Santo

Por Cecília Olliveira

Em pronunciamento feito na Câmara dos Deputados, em Brasília, no ultimo dia 21, o deputado federal Capitão Assunção (PSB/ES) falou sobre a crise na Segurança Pública que assola seu reduto eleitoral, o Espírito Santo. E sem meias palavras.

O capitão começou seu discurso falando sobre a “insegurança no Espírito Santo, que foi assolado por excesso de homicídios - se é que se pode usar essa palavra excesso - e cuja pedante administração se apoderou da Secretaria de Segurança Pública”. E foi além. Num discurso permeado de ironia e indignação, disse que o “Espírito Santo conquistou medalha de ouro, ou seja, o primeiro lugar, em tentativas de homicídios; medalha de prata, ou seja, segundo lugar, em homicídios dolosos; medalha de bronze, ou seja, terceiro lugar, em homicídios praticados com arma de fogo; e, em penúltimo lugar, o número de defensores públicos”.

De acordo com Assunção, ao questionar o Secretário sobre tais índices, “Rodney Midiático respondeu que encontrará uma saída”. Rodney Midiático é um trocadilho com o sobrenome do Secretário – Miranda – que de acordo com os discordantes de sua política, é vaidoso e gosta de aparecer na mídia.

O governador do Estado, Paulo Hartung (PSB/ES) também não foi poupado. O Imperador, como foi chamado pelo deputado, em parceria com o Midiático, criaram “o Estado policialesco no Espírito Santo. São os guardiões que comandam a vigilância sobre os políticos, mas não controlam a criminalidade”.

Esperança do Capitão

“Agora temos uma data para a saída do Secretário Midiático, dia 3 de abril, que se candidatará a Deputado Federal. É um absurdo esta Casa acolher um patrocinador de chacina, que não conhece nada sobre segurança”. Rodney nega sua saída.

Esta é a esperança do Capitão, que finalizou seu discurso conclamando policiais civis, militares e bombeiros militares para se reunir em grupos nas associações ou sindicatos e rumarem a Brasília, nas duas primeiras semanas de fevereiro para pressionarem a Câmera pela aprovação da PEC 300.

Histórico da Crise

A segurança pública do Espírito Santo mergulhou em uma grande crise, conhecida como a Crise dos Coronéis, desde o lançamento do livro "Espírito Santo", escrito pelo secretário de Estado da Segurança Pública, Rodney Miranda, em parceria com o juiz Carlos Eduardo Lemos e o antropólogo Luiz Eduardo Soares.

O livro "Espírito Santo", que narra a história do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, executado a tiros em 2003, quando investigava as ações do crime organizado no Espírito Santo, foi o que motivou a "revolta" dos coronéis da Polícia Militar, que ganhou aliados na corporação, entre soldados, cabos, sargentos, tenentes e demais patentes.

Os militares alegam que o livro “caluniou, desmereceu e humilhou" toda a corporação. Em um dos trechos da obra, consta, em relação à morte do juiz Alexandre, que "outro (tiro) veio de instituições aliadas do atraso - a Polícia Militar e o Judiciário capixabas".

Usando pseudônimos, o livro não e sua repercussão foi um dos motivos que levou 14 dos 19 Coronéis na ativa do Estado a entregarem seus cargos ao governo.

1° Entrevista de Rodney depois da crise

Rodney Miranda resolveu falar sobre os problemas que enfrenta como Secretario de Segurança Pública do Espírito Santo, pela primeira vez, exatamente no mesmo dia em que o Deputado Federal, Capitão Assunção estava em plenário, esbravejando sobre a situação.

Em entrevista à Radio CBN Vitória (que pode ser lida na íntegra, aqui), o Secretário reafirmou a existência de uma "banda podre" na Polícia Militar do Espírito Santo e disse que já afastou 26 policiais somente este ano. Afirmou ainda que aqueles que se sentiram lesados com a publicação do livro, devem acionar a Justiça (a exemplo do corregedor da Polícia Militar, Marcos Aurélio Capita da Silva, que sob a alegação de que a obra o afeta diretamente, denunciou os autores por calúnia, injúria e difamação).

Rodney Miranda negou que esteja perdendo a luta contra o tráfico, mas reconheceu que é difícil e que espera o envolvimento de todos os segmentos sociais nesse enfrentamento.

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