sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

EUA: com a criminalidade em queda, não é hora para retrocesso


Do Usa Today

Cortes no orçamento põem em risco ganhos obtidos com sentenças mais longas e novas tecnologias

No começo dos anos 90, os crimes violentos estavam aumentando e alguns especialistas previram que eles iriam subir ainda mais, à medida que uma geração de “superpredadores” chegasse à maioridade.

Quando, ao invés disso, a taxa começou a cair, os prognósticos e explorações continuaram negligentemente. Uma teoria popular era a de que a queda deveu-se meramente ao apaziguamento das guerras de gangue relacionadas ao crack. Outra foi a de que o crime estava fortemente influenciado pela economia, então naturalmente diminuiria quando houvesse forte crescimento.

Como se verificou, a tendência de queda se manteve por aproximadamente 20 anos, passando por períodos econômicos bons e ruins. De acordo com o FBI, a taxa de crimes violentos nos Estados Unidos vem caindo anualmente desde 1991, com exceção deum único ano. Se os dados preliminares da entidade sobre o primeiro semestre se estenderem por todo o ano, 2009 terá registrado outra queda, mesmo no meio da pior recessão em décadas. Os antes confiantes especialistas em criminalidade agora exibem o tipo de humildade em relação a projeções que nós gostaríamos que fosse imitada por economistas, palpiteiros do mercado de ações e outras autoridades.

Não é difícil ver por que os especialistas em crime foram frustrados e humilhados. Muitas de suas explicações têm sido completa ou parcialmente desacreditadas. A era dos superpredadores nunca chegou, com exceção nos videogames. A queda de 40% nos crimes violentos tem sido muito maior do que uma inversão do aumento relacionado ao crack.

E se há uma relação firme entre empregos e crimes, é difícil de ver. A criminalidade diminuiu após o estouro da bolha tecnológica e da subsquente recessão no início dos anos 2000. Caiu nos primeiros estágios do que vem sendo chamada a Grande Recessão. O único ano em que subiu foi 2006, que foi de forte crescimento.

Correndo o risco de ser humilhado por tendências futuras, vamos apontar algumas possíveis explicações e uma nota de cautela sobre o que será dito.

Uma razão convincente para a queda dos crimes é que o sistema prisional funciona. Em 1990, de acordo com o Departamento de Justiça, a população carcerária dos Estados Unidos era de 773.119. Hoje o total é de 1,6 milhão.

Manter os reincidentes em crimes violentos longe das ruas e atrás das grades por mais tempo certamente teve um impacto significativo. O mais recente estudo de longo prazo sobre reincidência feito pelo Departamento de Justiça mostrou que 67,5% dos prisioneiros soltos em 1994 cometeram outro crime no prazo de três anos. (O Departamento está estudando o grupo de 2005). Mais prisões e sentenças mais longas reduziram a população de presos libertados, transformando essa população num grupo mais velho, quando há menos probabilidade de se envolverem em crimes mais violentos.

Outra explicação crível é que os responsáveis pelo cumprimento da lei em todos os níveis de governo têm empregado mais efetivamente o policiamento comunitário, equipes de respostas rápidas e novas tecnologias.

Apesar desta evolução positiva, no entanto, há razões para preocupação. Estados e municípios estão sob intensa pressão financeira como resultado da árida economia combinada com despesas obrigatórias relacionadas à saúde e aposentadorias.

Alguns estão respondendo com relaxamento da execução da lei e libertando priosioneiros antes do tempo. Isso é míope. Não há nenhuma função mais importante do governo do que a segurança pública. Se os funcionários não assumem essa responsabilidade seriamente, a criminalidade, sem dúvida, voltará a subir, invertendo uma das realmente boa notícias das últimas duas décadas.

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