quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ressocialização atende 60% dos detentos em presídio de Caruaru


Do CNJ

Na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, agreste pernambucano, que abriga uma quantidade de presos 10 vezes superior à capacidade, um projeto de ressocialização está levando uma nova perspectiva de vida aos detentos. Atualmente, 990 pessoas cumprem pena na unidade, dos quais cerca de 60% participam de algum tipo de atividade, como cursos, produção de artesanato, confecção de roupas, prática esportiva, entre outras tantas oferecidas pela unidade, que tem capacidade para abrigar apenas 98 pessoas. "Dentro dos presídios existe um potencial criativo e produtivo que precisa ser explorado", destaca a diretora da unidade e coordenadora do projeto Cirlene Rocha.

À frente da administração da penitenciária há sete anos, Cirlene conta que a participação nas atividades, além de motivar os detentos, contribui para reinseri-los na sociedade e no mercado de trabalho. "Nosso objetivo é que a sociedade veja esse potencial para que essas pessoas consigam entrar no mercado de trabalho e construir uma nova vida lá fora". Na unidade, eles trabalham nas áreas mais diversas, como produção de roupas, marcenaria, reciclagem, entre muitas outras. Por mês, cerca de 16 mil peças de roupa são produzidas dentro do presídio. Todo o projeto é possível com a colaboração de colaboradores locais, empresários, faculdades e da prefeitura da cidade.

"Você encontra todo tipo de profissional dentro da prisão e aqui incentivamos que uns aprendam com os outros", observa a diretora. O incentivo faz com que muitos tomem iniciativa e montem suas próprias empresas dentro da unidade. Ela conta que alguns, com o apoio da família que ajudou com as máquinas, montaram sua própria confecção. Também está em desenvolvimento uma empresa de comunicação, montada pelos próprios detentos, que fará produção de materiais de divulgação. Trabalhos de marcenaria, para a produção e manutenção de móveis da penitenciária e confecção de artesanato típico e bolsas de embalagem são outras das atividades desenvolvidas pelos presos.

Educação - Além do trabalho, no presídio, 460 detentos participam de cursos de alfabetização, capacitação profissional e ensino supletivo. A leitura é incentivada pelo programa, assim como a prática de esportes. Aulas de capoeira, boxe, entre outras modalidades, são ministradas dentro da unidade. Até CD musical já foi produzido pela banda formada no presídio por detentos e agentes penitenciários. Em novembro, o grupo lançou o CD "Tom da Liberdade", com 12 músicas no estilo romântico, compostas pelos integrantes. As canções contam historias vividas por eles, dentro e fora do sistema penitenciário, e o projeto foi patrocinado por um ex-presidiário. O resultado foi tão bom que agora eles estão finalizando a produção de um DVD.

Advocacia Voluntária - Na última semana, o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Gilmar Mendes, assinou, em Recife, um acordo de cooperação com a Faculdade do Vale do Ipojuca e a Secretaria Executiva de Ressocialização do Estado de Pernambuco para a instalação de um Núcleo de Advocacia Voluntária na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru. O programa do CNJ em parceria com universidades oferece assessoria jurídica gratuita a presos que não têm condições de pagar um advogado. Em Caruaru, a faculdade também prestará serviços nas áreas de psicologia, assistência social e comunicação.

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