terça-feira, 24 de novembro de 2009

Rio está entre melhores estados em renda e educação, mas entre os piores em saneamento e violência


O Globo



Os contrastes que pontuam o cotidiano do Rio de Janeiro aparecem com nitidez nas estatísticas. Estudo inédito feito com base nas informações da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad 2008) mostra que o terceiro maior estado do país exibe indicadores socioeconômicos díspares na comparação com as demais unidades da federação.

Ao mesmo tempo em que figura entre os primeiros do ranking em educação e renda, está muito mal posicionado no acesso a serviços básicos, como abastecimento de água e nos indicadores relacionados à violência urbana, revela reportagem de Regina Alvarez e Cássia Almeida publicada na edição do GLOBO desta segunda-feira.

A comparação, elaborada pela consultoria técnica da Confederação Nacional de Municípios (CMN), mostra que, em relação ao abastecimento de água - serviço básico e indicador essencial na aferição do nível de desenvolvimento regional -, o Rio aparece em 18º lugar no ranking dos estados, entre os dez piores índices de atendimento desses serviços no país. Dos 5,076 milhões de domicílios urbanos, 553,3 mil (10,9%) estão desassistidos neste quesito.

O Rio aparece no topo de um ranking que não é motivo de orgulho. Tem a terceira maior taxa bruta de mortalidade do país, com 7,35 mortes para cada 100 mil habitantes. Está atrás apenas de Pernambuco, o campeão em mortes (7,38 por cada 100 habitantes), e da Paraíba (7,36).

A análise das informações da Pnad relaciona esse indicador com baixas condições socioeconômicas, proporção de pessoas idosas na população, problemas no sistema de saúde e na prevenção de doenças e altos índices de mortalidade violenta - característica evidenciada no Rio por outras estatísticas. A média nacional de mortes por cada 100 mil habitantes é de 6,22 e o estado com o menor número é o Distrito Federal (4,33).

O empresário Ulrich Rosenzweig, de 85 anos, foi uma vítima da violência no Rio. Em 27 de maio de 2008, foi assassinado com um tiro no peito, no Centro do Rio. A bisneta acabara de nascer e as quatro filhas ainda estão reorganizando a vida depois da morte.

- Meu pai estava chegando no prédio, junto com o boy que viera do banco. Ele se assustou com o movimento em torno do funcionário e o assaltante atirou no peito do meu pai. Ele estava em plena atividade. Ele era o esteio de uma família de quatro filhas - afirma Evelyn Rosenzweig, filha do empresário.

Para o professor de Antropologia da UFF e coordenador do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos, Roberto Kant de Lima, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, o problema da violência no Rio e no país começa na desigualdade jurídica, que oferece privilégios para políticos, dirigentes sindicais, criando cidadãos inferiores e superiores já na legislação.

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