quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Dez anos após descriminalização, abuso de drogas cai pela metade em Portugal

 
Os guerreiros da guerra às drogas muitas vezes afirmam que a legalização ou descriminalização das drogas nos Estados Unidos aumentaria o consumo vertiginosamente. 
 
Felizmente, temos um exemplo real dos verdadeiros efeitos de acabar com a violência, a caríssima Guerra às drogas e substitui-la por um sistema de tratamento para usuários.

Dez anos atrás, Portugal descriminalizou todas as drogas. Uma década após esta experiência sem precedentes, o abuso de drogas caiu pela metade:

Especialistas da área da saúde em Portugal disseram nesta sexta-feira que a decisão de Portugal há 10 anos para descriminalizar o uso de drogas e tratar os viciados em vez de puni-los é uma experiência que deu certo.

“Não há dúvida de que o fenômeno da dependência está em declínio em Portugal”, disse João Goulão, Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, numa conferência de imprensa para marcar o 10º aniversário da nova lei de drogas.

O número de viciados considerados “problemáticos” – aqueles que repetidamente usam drogas “pesadas” e usuários de intravenosas – tinham caído pela metade desde o início dos anos 90, quando o valor era estimado em cerca de 100.000 pessoas, disse Goulão.

Outros fatores também tiveram parte nesse avanço, Goulão, médico acrescentou.

“Este desenvolvimento não pode ser apenas atribuído a descriminalização, mas a uma confluência tratamento e políticas de redução de danos.”

Muitos desses procedimentos de tratamento inovador não teriam emergido se viciados continuassem a ser presos e criminalizados em vez de tratados por médicos especialistas e psicólogos. Atualmente 40 mil pessoas em Portugal estão sendo tratadas por abuso de drogas. Esta é uma maneira muito mais barata e muito mais humana para enfrentar esse problema. Ao invés de trancar 100.000 criminosos, os Portugueses estão trabalhando para curar 40.000 pacientes e afinar uma abordagem totalmente nova de conhecimento de tratamento ao mesmo tempo.

Nada disso é possível quando se está numa guerra.

Fonte: forbes.com (Via Coletivo Cultura Verde)

5 comentários:

  1. Em Portugal, depois da descriminalização, o número de usuários de qualquer droga que, em 2001 era de 12,6%, foi, em 2007, para 17,4%; de maconha, de 12,4% para 17%; de cocaína, de 1,3% para 2,8%; de ecstasy, de 1,4% para 2,6%; de LSD, de 0,6% para 0,9; e de cogumelos mágicos, que em 2001 era nulo, passou para 1,4% (Fonte: relatório de 2010 do Instituto da Droga e da Toxicodependência, vinculado ao Ministério da Saúde de Portugal, página 16 , tabela da figura 1). E desde 2001, homicídios relacionados com drogas subiram 40% em Portugal (Fonte: 'World Drug Report - 2009', da ONU).

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    1. Oi, Anônimo. Um coisa importante de se levar em consideração sobre estes dados é que a ONU é a detentora das convenções acerca da proibição do uso de entorpecentes, e por consequência, maior interessada na continuidade do proibicionismo. De qualquer forma, se vc pegar dados primários, verá que houve queda. Eis alguns estudos: http://idpc.net/publications/2009/12/decriminalisation-in-portugal e http://idpc.net/publications/2011/08/drug-policy-in-portugal-the-benefits-of-decriminalising-drug-use

      Abraços.

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  2. E o comércio? Vai se feito com supervisão do governo e um mínimo controle na "qualidade" do produto, além de recolhimento de imposto de uso exclusivo no tratamento de dependentes, com local adequado para o consumo vetado a menores? Ou ficará todo o lucro desta liberação nas já poderosas mãos do crime organizado?

    Pergunto isto por ser policial Civil em SP onde mais de 20 policiais e agentes penitenciários foram mortos este ano.

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    1. Oi, Sander. Até agora, aqui no Rio, 78 policiais morreram, a grande maioria, em confronto. Há ainda, dezenas de mortos nestas áreas onde ocorrem os confrontos, muitos deles, inocentes, como foi o caso da garota morta em Costa Barros e que saiu na imprensa há pouco.Todas estas pessoas são vitimas de uma "guerra" tramada em esferas bem superiores. Mas estas pessoas estão no front, arcando com as consequências das decisões de gente que nem no Brasil mora (Me refiro a ONU e aos EUA, aqui). Isso tem que ser revisto, repensado e adequado a realidade do país.
      Sobre o comércio, ele é ilegal. O porte por usuários é que foi descriminalizado. Aqui uma pesquisa interessante sobre o que motivou o investimento na descriminalização: http://www.comunidadesegura.org.br/files/greenwald_whitepaper_Portugal2.pdf

      Abs

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    2. Na Holanda e em alguns estados americanos o comércio é legal, deve apenas seguir algumas regras. Os impostos ajudariam muito nas clinicas de recuperação. O porte de drogas liberado, mantendo o comércio com os criminosos é um tiro no próprio pé. Grato pela atenção.

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